Instituto Pensar - Sem comunicar Itamaraty, Congresso aciona ONU e OMS para ajuda com Covid-19

Sem comunicar Itamaraty, Congresso aciona ONU e OMS para ajuda com Covid-19

por: Eduardo Pinheiro


Foto/ Reprodução: John Cairns/Universidade de Oxford

"A situação que enfrentamos é dramática?, diz carta do Congresso Nacional endereçada a António Guterres, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), e Tedros Adhanom, diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS). Elaborado à revelia do Itamaraty, documento pede ajuda internacional para enfrentar a pandemia da Covid-19.

Segundo reportagem da CNN Brasil, carta diz que o Brasil enfrenta "a maior crise sanitária de nossa história? e afirma que há "um risco sistêmico, de alcance planetário?. Chamado de chamado de ?Moção de Apelo à Comunidade Internacional?, o documento admite ainda a dificuldade do país com o plano de vacinação.

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"No caso das vacinas produzidas no exterior, nos deparamos com cronogramas e quantidades insuficientes. Com respeito à produção interna, dependemos de insumos farmacêuticos ativos (IFA) importados, que chegam ao país em ritmo lento, se comparado ao desafio posto pela segunda onda da pandemia. Somente a partir do mês de setembro teremos autonomia na área de insumos para expandir, modo sustentado, a produção nacional de vacinas. Travamos uma batalha contra o tempo. E precisamos da ajuda internacional para vencê-la.?

Caos diante da Covid-19

Após descrever cenário caótico do país em razão da piora da pandemia da Covid-19, o texto, assinado pelos presidentes da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Kátia Abreu (PP-TO), e da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), apresenta duas propostas: a alteração no cronograma de entregas do Covax Facility ou um adiantamento de vacinas que o Brasil compensaria quando puder produzir os próprios imunizantes.

"À luz do exposto, encareço o especial empenho de Vossa Excelência no sentido de que se examine, no âmbito da Covax Facility, a possibilidade de ajuste no cronograma de entrega de vacinas do consórcio ao Brasil. Outra alternativa para a qual me permito chamar a atenção da OMS seria o possível adiantamento ao Brasil de doses extras de vacina do consórcio. O mesmo número de doses seria, em momento subsequente, reposto por nosso país no estoque global da Covax Facility, a partir da própria produção brasileira de vacinas, com base em cronograma mutuamente acordado?.

Vale lembrar que durante as negociações com o consórcio o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, decidiu adquirir doses para apenas 10% da população por meio da iniciativa e não os 20% que poderia ter optado de acordo com documentos.

Apelo em meio à fritura de Ernesto Araújo

O envio da Moção ocorre ainda em meio à pressão pela demissão do ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Se a cabeça do ministro já estava a prêmio pela sua política de ataque aos países parceiros, resultando numa morosidade ainda maior para a aquisição de vacinas contra a Covid-19, depois da maratona no Congresso, na última quarta-feira (24), onde se negou a responder perguntas de deputados e senadores dos mais diversos partidos, seu comando está por um fio.

Em sua desastrosa política internacional, Araújo já atacou alguns produtores de vacina, como a China e a Rússia. Além do episódio da Organização Mundial do Comércio (OMC), em 2020, em que ficou contra a Índia na defesa da quebra de patentes, mudando, inclusive, o entendimento do país sobre o assunto.

Depois de se reunir com Bolsonaro para discutir a criação de um comitê de gestão do combate à Covid-19 entre os Poderes, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), subiu o tom contra o governo, na quarta-feira (24), no Plenário da Câmara. Lira afirmou que se não houver correção de rumo, "a crise pode resultar em remédios políticos amargos? a serem usados pelo Congresso, "alguns deles fatais?.

Com informações da CNN Brasil




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